sábado, 8 de março de 2014

É o nosso dia, não nos envergonhem!

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de Março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada da Rússia czarista na Primeira Guerra Mundial. 
Sim, fui ao Wikipédia. Queria ter a certeza que não estava errada. 
O Dia da Mulher, nos termos em que é maioritariamente festejado, sempre me causou certa repulsa. Na verdade, se nos afirmamos iguais aos homens porquê continuar a marcar a diferença com estas comemorações? Mas a verdade é que este dia deve ser assinalado e relembrado de modo a que as pessoas em geral busquem a sua liberdade, os seu direitos... Depois de ter conhecido tantas realidades diferentes admito a importância da sua existência.
O que eu não admito é que usem este dia no sentido contrário ao que ele significa. Comentários e declarações de tantas mulheres neste dia envergonham-me. Sim, envergonham-me... Fazer deste dia uma desculpa para comportamentos pouco decentes não me parecem dignos do ser maravilhoso que é a mulher. Perder o respeito por si própria não é digno de uma verdadeira mulher. E no entanto é isso que se vê: mulheres que perdem a noção do ridículo. Mulheres que clamam a quatro ventos não serem objectos sexuais mas que demonstram exactamente o contrário. Sinceramente: no dia da mulher para que são os afrodisíacos, os stripers? 
É contraditório festejar a igualdade rebaixando-nos à imoralidade, só para provar que somos livres de o fazer.

Reivindiquemos os nossos direitos, a nossa natureza... sem envergonhar a nossa condição.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Dura Praxis, Sed Praxis

O assunto é mediático. Todos tecem opiniões. Tinha planeado não dar valor a toda esta polémica pelo simples facto de se tornar cliché. Mas não consigo ficar indiferente e já me atiraram tanta coisa à cara esta semana. Por isso, não vou ficar calada.
A verdade é que esta bola de neve está a apagar a origem da questão. Em primeiro lugar: abalou-me a morte daqueles jovens, como me abala qualquer morte que acontece de forma tão assustadora. Mas já não é isso que as pessoas falam ou querem ouvir. O que se quer é criticar, protestar e dizer não a algo que não cabe em alguns corações.
Fui praxada e praxei. Fiz coisas que gostei e que não gostei. Mas no decorrer desta caminhada que é a vida só fazemos o que gostamos? É que tenho aprendido que certas coisas que não gostamos nos ensinam muita coisa. e não me venham com histórias de me impor ao regime, de lutar pelos meus direitos e de que a praxe é a prova de que somos um atraso de vida. Gosto de regras, de rituais, de camaradagem, de tradição, de união. Acredito numa sociedade livre mas que sabe que a própria liberdade tem limites. O direito de opinião é muito bonito, mas quem usa dele para criticar tem uma certa dificuldade em aceitar o direito de opinião oponente. E isso é uma prova de que caminhamos para um mundo onde as pessoas não tem valor.
Acredito na praxe saudável, naquela praxe que une, naquela praxe que nos mostra que, por entre todas as adversidades, estamos juntos. E vejo que, embora escassa, ainda existe. A prova disso é todo este movimento unido a favor da praxe. 
Que não seja mal interpretada: certos comportamentos e certos actos são puníveis. Eu própria impedi certos actos que não me pareciam os mais adequados na praxe. Por esta razão, faz-me confusão que as pessoas condenem a praxe e não os actos em si. 
Vamos lá ser realistas: o que devemos condenar e punir devidamente são os actos praticados. Estou a falar no caso concreto da praxe, mas podia estar a falar de outra coisa qualquer. Ora vamos lá ver um exemplo: a violência doméstica (física e sobretudo psicológica) - vamos proibir o casamento? Outro exemplo: as claques desportivas - vamos proibi-las também? 
O que urge nesta sociedade de direitos e sem deveres, é uma educação para o outro. Urge ensinar dar e receber. Urge ensinar direitos e deveres. Urge combater esta crise de valores. Urge ensinar os "meninos" que ninguém é melhor que ninguém, que todos somos iguais e que há uma coisa giríssima que chama limites! Urge mostrar aos "paizinhos" que nunca poderão proteger os filhinhos da selva que é este mundo. 
Queria dizer muito mais, mas fico-me por aqui: não gosto de pisar a liberdade do próximo.

Foto: AEIPCA