Um dia, enquanto os outros descansavam, o Homem e a Felicidade decidiram jogar às escondidas. Mas eram tão inseparáveis que não tardavam a encontrar-se imediatamente. Cada vez, era mais difícil encontrar um lugar diferente onde esconder-se. Acontece que, quando tocou a vez de ser a Felicidade a esconder-se, a Mentira, que passeava por ali disfarçada de Verdade, aconselhou-a a que se escondesse dentro do Homem, porque esse seria o último lugar onde lhe ocorreria procurar. A Felicidade assim fez. Aproveitando um descuido do homem, introduziu-se no seu coração.
Quando o Homem se pôs a procurá-la, não havia maneira de a poder encontrar. O tempo passava e começou a crescer nele o medo de que tivesse acontecido algo à Felicidade. O certo é que não podia viver sem ela. A Felicidade gritava desde o coração do Homem, para lhe dizer onde estava, mas o Homem estava tão preocupado em buscá-la por fora que não prestava atenção ao seu interior. E quando isso acontece, as portas do coração fecham-se, deixando nele encerradas todas as suas riquezas. Então a Mentira, disfarçada de Verdade, aproximou-se do Homem para lhe dizer que tinha visto a Felicidade a caminhar pelo caminho que levava ao Reino da Obscuridade. O homem, sem duvidar, correu para esse reino. Mas quanto mais avançava naquela direcção, algo muito forte dentro dele lhe dizia que esse não era o caminho certo. Deteve-se um momento, na sua frenética correria, e logo começou a escutar os gritos desesperados da Felicidade, que o chamava desde a profundidade do seu coração.
A partir de então, decidiram tornar-se inseparáveis e não se perderam de vista, para que a Mentira não os voltasse a enganar. E assim, a Felicidade ficou para sempre a residir no mais profundo do coração humano.
Autor desconhecido
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